Além de milhões de vidas, a pandemia de Covid-19 levou embora os empregos e a renda de muita gente. E para aqueles que vivem nas ruas ou em comunidades, se manter durante este período ficou ainda mais difícil. Por isso, na capital paulista, o Rotary Club de São Paulo – Sul desenvolveu um projeto para dar um novo rumo a dezenas de beneficiários.
É preciso voltar um pouco no tempo para entender como o projeto inicial se adaptou à pandemia. A ideia original do clube, conta Carmem Monteiro, associada que liderou o projeto, era ensinar pessoas em situação de vulnerabilidade a produzirem peças de vestuário, além de técnicas de estamparia.
A oportunidade de ajudar estas pessoas veio de uma parceria já existente do Rotary Club de São Paulo – Sul com a Fundação Porta Aberta, uma organização que oferece capacitação profissionalizante e social a pessoas carentes.
“Originalmente, era para ser uma oficina de vestuário feminino, técnicas de patchwork [trabalho com retalhos] e silkscreen [estamparia]”, explica Carmem. Porém, com a chegada da pandemia, a oficina voltou seus trabalhos para a produção de máscaras, toucas, aventais e propés (protetores de tecidos para os pés).
Com o investimento de US$ 40 mil, financiados pelo Rotary Club de São Paulo – Sul, pelo Rotary Club de Tiruchengode, da Índia, e pela Fundação Rotária, o projeto financiou oficinas de capacitação de costura durante todo o segundo semestre de 2020. Com o valor, foram adquiridas 24 máquinas de costura, de diferentes tipos, e insumos para as oficinas.
A capacitação se deu nas instalações da Fundação Porta Aberta. “Formamos 280 empreendedores sociais, entre mulheres, homens e pessoas trans. Eram pessoas que residiam em abrigos da prefeitura, pessoas desempregadas e que moravam em comunidades”, conta Renata Naccache, diretora administrativa da fundação.
Para levar o curso a quem precisava, a fundação utilizou diferentes modos para divulgar a oportunidade de aprendizado. “Fizemos divulgação nas mídias sociais, por Whatsapp, panfletos e no boca a boca. Destacamos que era grátis e que tinha a possibilidade de remuneração”, explica Renata, acrescentando que o curso era voltado a pessoas que não tivessem trabalho com carteira assinada.
O curso incluiu ainda uma parceria com o Sebrae para formação cidadã, com aulas sobre higiene, assepsia e conceitos básicos de empreendedorismo.
Os participantes ganhavam a cada peça produzida, o que possibilitou que alguns deles pudessem adquirir suas próprias máquinas de costura e passassem a produzir em casa. A remuneração do que foi produzido durante o curso estava incluída em um contrato entre a Fundação Porta Aberta e a prefeitura de São Paulo.
“Essa oficina foi muito útil, mais até do que a gente esperava, por causa da pandemia”, destaca Carmem, do Rotary Club de São Paulo -Sul. As máscaras e EPIs produzidos pelos participantes, e também pelas voluntárias da fundação, foram entregues a hospitais e entidades assistenciais.
Já Renata aponta outro aspecto interessante sobre a oficina. “Pegamos pessoas acima de 45 anos porque é muito difícil conseguir pessoas mais jovens. Hoje, as famílias são mais jovens e costurar não é mais um hábito das famílias”, relata. Segundo ela, a necessidade de confecção de máscaras tem ajudado a divulgar melhor este ofício.
Neste segundo semestre, novas oficinas serão realizadas, com a capacitação de 12 novas turmas e a formação de outras 156 pessoas.
Por Aurea Santos, especialista em Comunicação do Rotary International