O agricultor Gilberto Wassano já tinha uma fossa séptica em sua casa, mas a fossa de sua área de serviço, que dava vazão ao esgoto do banheiro usado por seus clientes, era apenas um buraco no chão e representava um perigo a sua saúde e a sua produção de hortaliças orgânicas.
“O cheiro era ruim e eu sabia que [os dejetos] podiam contaminar o lençol freático”, conta o produtor. Foi esse risco que levou a família de Wassano a ser beneficiada pelo projeto “Tratamento de esgoto no Brasil rural”, do Rotary Club de Lins, no interior de São Paulo.
O projeto do Rotary identificou dezenas de casas que contavam com fossa negras, nas quais os dejetos alcançam o solo sem tratamento, e realizou a instalação de 75 fossas sépticas, que permite o tratamento do esgoto, deixando-o inócuo ao meio ambiente.
“No Brasil, em geral, as áreas rurais são desprovidas de tratamento de esgoto. Sou engenheiro agrônomo e vi essa necessidade, principalmente dos produtores de hortifruti, que precisam de muita água”, conta Hemerson Calgaro, que liderou o projeto pelo Rotary Club do interior paulista, de 2015 a 2018.
“O projeto foi feito para evitar que o lençol freático sofresse contaminação e para que a irrigação tivesse água de qualidade”, destaca Calgaro. A casa do produtor Wassano recebeu uma das 75 fossas sépticas instaladas pelo projeto, do qual participaram outros dois Rotary clubs de Lins e um da cidade de Flower Mound, no Texas, Estados Unidos.
No total, foram investidos US$ 39.203. Além da compra das fossas, o projeto realizou ainda um workshop que ofereceu orientação aos agricultores beneficiados.
No treinamento, os agricultores receberam informações sobre higiene pessoal e práticas de manipulação e consumo de água e alimentos, instruções sobre como realizar a instalação e manutenção das fossas sépticas, e também direcionamentos sobre cuidados com a água e o esgoto.
Em contrapartida às fossas compradas com a verba do projeto, os agricultores fizeram a instalação dos equipamentos. Com isso, cerca de 360 pessoas foram beneficiadas na área rural de Lins e do município vizinho de Guaiçara.
A mudança foi positiva não apenas na vida cotidiana de quem recebeu as fossas, mas também para os negócios. “O mau cheiro acabou e me sinto mais seguro, ainda mais por causa do método de produção orgânico. A água tratada dá mais segurança aos clientes”, conclui Wassano.
Para a realização do projeto, os Rotary clubs contaram com a participação de parceiros locais, como as Casas de Agricultura de Lins e Promissão, o Sindicato Rural de Lins, a UniSalesiano, a Associação de Produtores e Olericultores de Lins e Região, a Sabesp e o Horto Florestal.